O canhão do "Arsenal"

Uma das glórias do Braga aceitou o convite de reviver "momentos únicos" no estádio 1º de Maio contra o FC Porto, no qual foi bicampeão nacional com António Oliveira em 96/97 e 97/98

Eram onze da manhã quando Barroso chegou ao Estádio 1º de Maio. Em dia de feira nas imediações do estádio onde viveu "momentos de glória", a popularidade do médio-defensivo começa a ser evidente. "Olha o maior", dizia um dos vendedores de uma das muitas tendas. Curiosamente, encontrou logo a seguir Eduardo, guarda-redes emprestado pelo Braga ao Setúbal.

Depois do abraço ao guarda-redes, dirigiu-se para o interior do estádio e, num dos balneários, encontrou os juvenis, acabados de cumprir mais um treino orientado por Micael Sequeira e António Freitas. Nas paredes do balneário, além da foto de Barroso, encontravam-se as de Quim (Benfica), Hugo (Setúbal), Tiago (Juventus), Artur Jorge e Castanheira. Com curso de IV Nível, Barroso faz parte do gabinete de prospecção do Braga, coordenado por João Cardoso. "Em todos os clubes é importante os miúdos serem apoiados; estou muitas vezes com eles e até treino quando se proporciona. É gratificante, eles ficam contentes", conta Barroso depois de tirar a fotografia com os craques que a 26 de Agosto (dia em que, curiosamente, Barroso completa 37 anos), defrontam o Guimarães na jornada inaugural do seu campeonato, e enquanto se dirigia para o relvado, onde treinavam os juniores, orientados por António Caldas e Firmino Brás. "Não podemos cumprimentar enquanto estão a trabalhar", confessa, antes de ir para um "lugar especial", a zona do relvado, à entrada da área, onde marcou um dos muitos golos em 325 jogos na Liga principal. "Marquei muitos ao Baía, um dos melhores de sempre, estudava como ele defendia, assim como fazia com outros. Mas esse nunca mais me esqueço: o Secretário aliviou, eu chutei de primeira, a bola entrou no lado direito da baliza então defendida pelo Nuno", agora suplente de Helton no FC Porto. "Espero, sinceramente, que sábado alguém repita o que tantas vezes eu e outros colegas da altura conseguimos", confidencia o ex-internacional, que terminou a carreira em 2004/05. Na altura, ficou-lhe atravessado não ter sido utilizado por Jesualdo Ferreira, agora treinador do FC Porto, no último jogo, em casa, com o Beira-Mar, impedindo-o de uma despedida "natural" dos sócios. Que ainda na semana passada, na apresentação da equipa de Jorge Costa, o aplaudiram no Estádio AXA quando a sua imagem apareceu no écran gigante. É uma das glórias do clube.

"Ainda hei-de ver o Braga campeão"

Contar como marcava golos com o denominado pontapé-canhão não é fácil. Mesmo assim, Barroso recorda como fazia: "Era fechar os olhos e chutar para a baliza. Também era uma apetência que tinha desde miúdo e muito trabalho de casa. Via as equipas adversárias e como defendiam os guarda-redes". Mais, acrescenta. "Chutava com os três dedos, com os cinco, com o que estava mais à mão, como dizia um grande jogador desse tempo", lembra, entre risos, e antes de lembrar que, infelizmente, na altura não era possível "saber a velocidade que atingia". Entretanto, fica um desejo: "Não hei-de demorar muito a ver o Braga campeão. Este é um grande clube, tem um presidente e uma SAD que fazem tudo para continuar a ser muito grande e cada vez com melhores condições".

O Jogo

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