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Adeptos mais violentos fogem das claques e do controlo policial


Os incidentes entre adeptos do Benfica e do Sporting ocorridos na madrugada de anteontem, nas imediações do Estádio da Luz e na Amadora, são vistos como "um caso isolado" pelas autoridades portuguesas, mas causam "preocupação" por, alegadamente, terem estado envolvidos os chamados casuals, adeptos violentos que actuam por conta própria e fora do controlo policial das claques, e também por terem acontecido dias antes do derby de domingo, entre as duas principais equipas de Lisboa.Estes adeptos casuais já existem há algum tempo em Portugal, mas as autoridades policiais têm notado um aumento da sua actividade e visibilidade. "O casual é um indivíduo que não está disposto a fazer parte da hierarquia da claque. É um outsider", explica o intendente Paulo Gomes, secretário-geral adjunto do Gabinete Coordenador de Segurança, considerando que, à semelhança do que acontece na Europa, "o maior controlo policial dos grupos organizados de adeptos" leva a que "alguns indivíduos não queiram ser acompanhados por agentes". Embora não estabeleça uma "relação directa" entre este fenómeno e o crescente número de claques legalizadas em Portugal (que obriga à identificação dos seus membros), Paulo Gomes admite que o registo contribui para que alguns adeptos "procurem alternativas". Depois dos incidentes no Benfica-FC Porto, de Abril de 2007, o poder político pressionou os clubes. E de uma claque registada passou-se para nove. Os adeptos do Sporting que se envolveram nos confrontos de anteontem, incluindo o que acabaria por ser esfaqueado à porta de casa na Amadora, são membros da claque Juventude Leonina e estão referenciados pela polícia como casuals.


Membro dos No Name detido
Outra razão para as autoridades policiais verem estes confrontos como uma manifestação que tem algo de casual é o facto de o homem detido pela PSP, na madrugada de segunda-feira, na Amadora, ser membro da claque benfiquista No Name Boys, uma das que não estão registadas. Uma fonte policial disse ao PÚBLICO que esta claque "abandonou a cooperação com a polícia" e não dá conhecimento das suas deslocações aos agentes, como costumava acontecer.O alegado autor das agressões (três facadas), com idade entre os 25 e os 30 anos, terá sido colocado em liberdade depois de ter sido interrogado. A ausência de flagrante delito determina a libertação do suspeito. Mesmo que se trate, como é o caso, de um cadastrado, com antecedentes por tráfico de droga e alvo de averiguações relativas a um homicídio. Na mesma ocasião, terá sido conduzido à mesma esquadra um outro indivíduo que testemunhas referem ter presenciado as agressões. Além dos golpes de faca, a vítima terá sido queimada nas costas, tendo sido assistida nos hospitais de São Francisco Xavier e da Amadora/Sintra, de onde já teve alta.A polícia admite a existência de mais confrontos entre adeptos dos dois clubes nos dias que antecedem o jogo que ambos vão disputar, no domingo, em Alvalade. A PSP, através da Unidade de Recolha de Informação Desportiva, tem vindo a recolher indícios de que alguns indivíduos ligados às principais claques dos clubes pretendem confrontar-se fisicamente, como aconteceu há dois anos, nas imediações da estação do metropolitano de Telheiras.Para Paulo Gomes, a penalização dos infractores, o diálogo com os líderes das claques e um reforço das informações recolhidas no terreno são os passos para combater estes fenómenos, que são "difusos" e "de difícil previsibilidade". E Manuel Brito, presidente da Conselho para a Ética e Segurança no Desporto, pede que os dirigentes dos clubes tenham cuidado com as palavras.


in Público