“Assumir luta pelo título é impossível”
Jorge Costa fez ontem o balanço do estágio dos minhotos em Billerbeck, no penúltimo dos doze dias de concentração, proferindo um conjunto de afirmações que, embora vinquem a ambição do grupo de trabalho, dão também ênfase às limitações de um plantel a quem não quer deixar de incutir uma cultura de vitória. Por isso, à questão sobre se a equipa havia encontrado, em toda a organização que a rodeia, os argumentos para discutir pelo título, a resposta do treinador foi pragmática, em jeito de água na fervura de uma euforia que poderia nascer fruto dos bons indicadores em matéria de resultados que a equipa “transmitiu” para Portugal: “Se somos candidatos ao título? Assumir essa luta é impossível para mim”. E continuou: “Uma mentalidade de vitória? Sem dúvida! Entrar sempre para vencer? Sem dúvida, mesmo sabendo que nem sempre isso vai acontecer. O mais importante é entrar em campo a pensar na conquista dos três pontos”, disse.
Afirmando-se “entusiasmado” com o trabalho desenvolvido pelos jogadores, juntou-lhe os adjectivos “feliz” e “esperançado” para reforçar a alegria nascida em Billerbeck. E se a discussão pelo título é algo que, nesta fase, não lhe passa pela cabeça, o reduzir da “décalage” para o grupo dos primeiros acontecerá “só durante o longo caminho que ainda há por percorrer”. “Não se cresce de um dia para o outro e esses passos terão de ser dados na medida certa e com calma”, advertiu o técnico, que lembrou o carácter de regularidade que a Liga obriga, sublinhando, contudo que “pelo que a equipa tem crescido, pela ambição de todos, este será, provavelmente, o ano em que, para o crescimento ser efectivo, a conquista de um título seria a cereja em cima do bolo”.
Empenhado em ficar para a história do clube, o técnico não hesita quando à eventualidade de a equipa vir a qualificar-se para a Liga dos Campeões: “É verdade que uma presença seria histórica, mas também sabemos que no ano seguinte já ninguém se iria lembrar disso. Aqui, fazer-se história é ganhar títulos…”, reflectiu.
A conversa progrediu então para a questão das… cobranças por parte de quem anda eufórico com o início de época dos minhotos, com o treinador a novamente arrefecer os ânimos, entendendo que “só pelo facto do plantel ser bom e estar no caminho certo, não há razões para andar eufórico”. A terminar, pronunciou-se sobre o estágio para se afirmar contente com a forma como os jogadores trabalharam e como assimilaram as ideias da equipa técnica, declarando que “nada mais se pode pedir aos jogadores além de que lutem sempre pela vitória” e que, quanto à equipa base, “é ainda muito cedo para dizer quem vai ou não jogar”. “Ainda estudamos alternativas”, rematou.
”Ficarei surpreendido se Madrid sair”
Pedra-chave no meio-campo defensivo dos minhotos, Madrid parece estar na primeira linha das preferências do treinador para a próxima temporada. Ora, sendo o médio argentino um jogador muito requisitado pelo mercado, a pergunta sobre a sua eventual saída fez-se, com Jorge Costa a admitir que ficaria “surpreendido” se o jogador, até ao final do período de inscrições, seguisse para outro clube. “Estou preparado para a saída de qualquer jogador deste plantel, mas se depender de mim quero-os a todos aqui”, completou. Já quanto ao avançado que ocupe a vaga criada pela não vinda de Zé Carlos a resposta foi cautelosa, com o técnico a, primeiro, dizer que “não deve chegar mais ninguém”, evoluindo depois para a citação do que já afirmara António Salvador sobre o assunto: “Só se for uma mais-valia”, disse, enquadrando uma nova entrada no plantel.
“Bom é vencer desde o início”
Há muito que o resultado do sorteio da Liga é conhecido, mas só ontem Jorge Costa se pronunciou sobre o assunto, designadamente pelo facto de o Braga abrir frente ao FC Porto, no Estádio AXA. “Para mim bom é começar a vencer desde o início”, começou por responder o técnico, que depois puxou dos longos anos ao serviço dos “dragões” para marcar as diferenças. “Teremos de estar preparados, pois só no nosso melhor poderemos vencer”, disse.
“Jogará onde for preciso”
Num plantel recheado de polivalentes, Frechaut tem estado em foco como… defesa central, uma realidade que o estágio de pré-temporada acentuou. Jorge Costa conhece muito bem as características do jogador e admira-o por isso. “O Frechaut jogará e será o que for preciso. Ele é um daqueles jogadores de qualquer técnico gosta, além de que dá garantias em qualquer posição. Gosto muito da sua disponibilidade e esforço em prol da equipa”, revelou o técnico.
“Estou preparado”
O plantel, os resultados obtidos nos jogos até agora efectuados, as ambições, tudo são factores que, mal geridos, poderão conduzir ao insucesso. Contudo, é do aumento da cobrança pelos adeptos que vive a expectativa próxima, com o técnico a garantir “estar preparado“ para essa realidade. “Sou um técnico jovem e ambicioso e o crescimento do Braga será o meu também”, sublinhou o treinador arsenalista.
Dispensas no fim-de-semana
Jorge Costa não gosta do termo, diz mesmo que por ele ficava com todos mas, findo o estágio, é tempo de contar espingardas e uma vez que só pretende ficar com 22 ou 23 jogadores de campo mais os guarda-redes, as contas já estão feitas, num cenário que a lesão de Bruno Tiago não altera. Os reajustamentos, como prefere chamar-lhe o técnico, estão decididos e em breve serão comunicados, numa informação que deverá acontecer logo após o jogo de amanhã à noite em Barcelos, diante do Gil Vicente.
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