Depois do calor infernal do Qatar o regresso a selecção e a Portugal


A forma regular como convive com os golos, a facilidade de adaptação, não estranhando quer os adversários quer os campeonatos, aliada à indisponibilidade de Nuno Gomes, permitiram que as portas da selecção se voltassem a abrir para João Tomás.

Com 32 anos, o avançado regressou aos trabalhos da equipa portuguesa depois de uma ausência de quase seis anos. Mas se a idade, na opinião de Scolari, não determina a convocatória - "por vezes ser jovem não chega, em determinados momentos temos de agarrar o atleta não só pela sua idade, mas também pela vontade daquilo que poderá dar" - o facto de João Tomás ter actuado na última época numa Liga estranha para os europeus, provocou natural surpresa na sua chamada.

Além dos 16 golos que obteve no AL Rayyan, em 26 jogos realizados, que lhe permitiram ser o terceiro melhor marcador do campeonato do Qatar, João Tomás, admite que a experiência de Scolari na Arábia Saudita e Koweit, onde já foi treinador, terá sido determinante para o regresso à selecção nacional. Amanhã, por certo não será umas das primeira opções do seleccionador para o onze que irá defrontar a Bélgica, mas poderá figurar na equipa inicial que terça-feira joga com o Koweit, onde se prevê que Portugal sinta algumas dificuldades de adaptação ao clima.

Temperaturas superiores a 40 graus centígrados é o que espera a selecção, mas que o avançado já não estranha. Aliás, Tomás, apesar de já ter alertado os seus companheiros para as dificuldades que irão encontrar, adaptou-se bem aos 49 graus e 90% de humidade que se registavam em Agosto quando chegou ao Qatar.

O mesmo já não pode dizer Betina, a sua mulher, que com as duas filhas (5 e 2 anos) se juntou ao jogador um mês depois. "Nem o João nem a meninas se queixavam, mas o calor era mesmo infernal, não dava para sair de casa, a não ser muito cedo ou ao final do dia, e aí era para ir a um centro comercial, às vezes à piscina ou comer fora, de preferência a um hotel, que tinhas todas as condições, até a comida era boa", relatou Betina ao DN sport. A alimentação foi, aliás, o que mais saudades de Portugal provocou a João Tomás, que desejou muitas vezes um prato de bacalhau. Com bons conhecimentos de inglês, João Tomás também não sentiu a barreira da língua e integrou-se bem quer na equipa (quarta classificada) quer na comunidade. No AL Rayyan fez um amigo, "dos verdadeiros", conta a sua mulher, explicando que é um defesa australiano. Fora do futebol, havia uma vizinha natural do Qatar com quem a família trocava algumas palavras - "João apreendeu algumas coisas em árabe, e fazia-se entender". Na rua também já não passava despercebido, sabiam que era jogador, comentavam em voz baixa, mas poucos (apenas os filipinos) lhe pediam autógrafos.

"A vida era calma e tínhamos mais tempo para nós, para estar com as filhas", diz a mulher de João Tomás, adiantando que o avançado nunca mostrou "arrependimento pela decisão de deixar a Liga portuguesa", à qual irá voltar na próxima época em representação do Braga. |

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