«A responsabilidade é muito maior»


TÉCNICO ENTENDE QUE OS BRACARENSES MERECEM MELHORES RESULTADOS DO QUE NO PASSADO RECENTE

o
sentido do dever cumprido. Jorge Costa, em jeito de balanço da época que o Sp. Braga fez, só a pode considerar como positiva. Terminou a temporada em quarto lugar, atingiu as meias-finais da Taça de Portugal, chegou aos oitavos da Taça UEFA. Muito? Talvez não mas mais é aquilo que o treinador dos bracarenses quer. Tem uma certeza: não pode fazer menos do que o clube fez na última temporada, mesmo passando por alguns sobressaltos e por três mudanças de treinador. Jorge Costa sabe qual é o caminho, sabe o modelo, não há que olhar para trás.

— Enquanto técnico do Sp. Braga, que lhe custou mais?

— Antes de mais devo dizer que faço um balanço positivo, porque conseguimos o objectivo essencial, que era conquistar o quarto lugar. O que mais me custou foi ver a equipa afastada da final da Taça de Portugal. Isso custou-me imenso.

— Porquê?

— Há aspectos que nem merecem referência mas, por exemplo, e já falei disso oportunamente, a data em que a meia-final se realizou. Todos reconheceram que fomos prejudicados por isso, porque tivemos muito pouco tempo de descanso. E a Taça de Portugal é um troféu de prestígio, que merece ser bem tratado. E nesse particular não foi. No relvado demonstrámos que merecíamos ter estado na final. Custou-me a engolir, sinceramente.

— O afastamento teve custos?

— Os jogadores ficaram psicologicamente abatidos mas soubemos dar a volta ao assunto e recuperar os nossos valores. A partir daí, sem qualquer sentimento de raiva, talvez só mesmo por nos sentirmos revoltados, ficámos mais fortes e, até ao final do campeonato, realizámos grandes jogos e boas exibições. O resultado foi alcançarmos o quarto lugar, um lugar que o Sp. Braga bem merece. Demos uma resposta positiva mas sofremos com a derrota.

O carisma de João Pinto

— Agora, vai pegar na equipa de raiz, vai iniciar a época, que Sp. Braga vamos ter?

— Vai continuar a crescer. Nos últimos quatro anos o crescimento global, a diversos níveis, é de 15 por cento. Temos de continuar esta fase de progresso do clube. Por isso é que digo que não poderei conseguir menos do que foi conseguido, por exemplo, na última temporada. É um grande desafio, não há dúvida, mas que não me assusta, porque gosto de desafios e porque sei quem tenho a trabalhar comigo.

— Vai mudar muita coisa?

— Temos de mudar algo mas não porque haja uma insatisfação com as pessoas que trabalharam até aqui ou pela forma como o fizeram. O Sp. Braga tem de ser ainda melhor. A nossa ideia é apostar em jovens da formação do clube. Sabendo que essa é uma aposta para o futuro, queremos alcançar resultados no imediato.

— Há, no entanto, jovens com alguma idade. O João Pinto, por exemplo?

— Acha que se pode olhar para o bilhete de identidade do João Pinto? Foi muito importante haver um acordo para ele se manter. Quis muito que isso acontecesse, a administração foi sensível... e cá o temos. É um ser humano fantástico, que tem uma postura generosa a jogar e dá uma qualidade imensa ao plantel. Tenho a certeza de que o exemplo dele será muito importante para os jovens que queremos lançar.

— É de esperar alguma grande surpresa a nível de contratações?

— Estamos numa boa altura para o Sp. Braga chegar mais alto ainda. É importante ter jogadores de qualidade, que serão uma mistura útil com os jovens que queremos lançar. Talvez haja uma boa surpresa. Esperemos que a SAD a consiga.

— Está a falar do Sérgio Conceição?

— Estou a falar da possibilidade de haver uma boa surpresa. Nada mais.

Clube merece mais

— A sua responsabilidade aumentou claramente...

— Não há dúvidas de que a responsabilidade é maior. Se não tivéssemos alcançado o quatro lugar as coisas seriam mais complicadas. A partir de agora quero mais. É um desafio enorme mas gosto de desafios e tenho confiança em mim e na administração do clube, que tem sido incansável no apoio que me tem dado. O Sp. Braga merece chegar mais longe, a cidade merece, os adeptos também. Vamos todos trabalhar para que isso aconteça.

— Qual é então o objectivo para a nova temporada?

— O plantel não está completo. Só quando estiver é que poderei falar disso mas a ambição já está nas minhas palavras anteriores.

— Vai jogar em 4x3x3?

— Esse é o sistema preferido mas sou flexível e sei que terei de o adaptar a muitas situações que vão surgir.

— E o modelo de jogo do Sp. Braga?

— O meu modelo? Gostava de fazer do Sp. Braga uma equipa que assuma o jogo, em casa e fora, que faça pressão alta e tenha boa circulação de bola. Quero uma equipa dominadora. Esse é o meu desejo. Vou tentar. E, como me sinto muito bem aqui, quero levar o Sp. Braga a mais altos voos durante, pelo menos, a próxima temporada.

in A Bola

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